O olhar de um cavalo é a coisa mais bela e triste que existe no mundo. Como materializar isso em uma dança?
Não o olhar do cavalo, mas a sensação do olhar, o que provoca em mim…É um amor profundo. Se matam cavalos quando estes deixam de ser úteis para o ser humano, como se algo ou alguém tivesse que ter alguma utilidade. A arte, por exemplo, não serve pra nada. É por isso que quero fazer mil nadas. Essa peça é sobre uma manada de cavalos que corre livre no campo aberto, exaustos porém felizes; não sabem que vão morrer na guerra. Essa peça é um exercício sobre a liberdade. Às vezes uma mentira pode virar verdade com o tempo. A imaginação é um convite. A vida é um susto.
Não o olhar do cavalo, mas a sensação do olhar, o que provoca em mim…É um amor profundo. Se matam cavalos quando estes deixam de ser úteis para o ser humano, como se algo ou alguém tivesse que ter alguma utilidade. A arte, por exemplo, não serve pra nada. É por isso que quero fazer mil nadas. Essa peça é sobre uma manada de cavalos que corre livre no campo aberto, exaustos porém felizes; não sabem que vão morrer na guerra. Essa peça é um exercício sobre a liberdade. Às vezes uma mentira pode virar verdade com o tempo. A imaginação é um convite. A vida é um susto.
Francisco Thiago Cavalcanti
Essa peça foi criada no âmbito do programa de criação em artes performativas 5 (PACAP 5), realizado pelo Forum Dança nos anos de 2021/22 sob curadoria do coreógrafo e diretor João Fiadeiro em parceria com os artistas Daniel Pizamiglio, Carolina Campos e Márcia Lança. Durante o processo criativo teve a colaboração da dance-maker e diretora Lisa Nelson (EUA), do coreógrafo e performer Lander Patrick (BR) e da diretora de audiovisual e coreógrafa Clara Kutner (BR).
ficha artística
criação, performance e direção
Francisco Thiago Cavalcanti
co-criação e performance
Bárbara Cordeiro, Daniel Pizamiglio, Francisca Pinto e Piero Ramella
colaboração na criação
Clara Kutner, Lander Patrick e Lisa Nelson
acompanhamento artístico
João Fiadeiro, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio
luz e direção técnica
Santiago Rodriguez Tricot
apoios
Forum dança, L’Obrador-Espai de Creació, La caldera, Transborda-Mostra internacional de artes performativas de Almada, Teatro il Lavatoio, Linha de Fuga
coprodução
Teatro do Bairro Alto
fotografias
Clara Kutner, João Fiadeiro, Lucas Damiani, Safire Hikari
duração
70 minutos
agradecimentos
Lia Rodrigues, Marlene Monteiros de Freitas, Katarina Lanier, Jovan Monteiro, equipe do PACAP 5 e do Forum Dança
Francisco Thiago Cavalcanti
co-criação e performance
Bárbara Cordeiro, Daniel Pizamiglio, Francisca Pinto e Piero Ramella
colaboração na criação
Clara Kutner, Lander Patrick e Lisa Nelson
acompanhamento artístico
João Fiadeiro, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio
luz e direção técnica
Santiago Rodriguez Tricot
apoios
Forum dança, L’Obrador-Espai de Creació, La caldera, Transborda-Mostra internacional de artes performativas de Almada, Teatro il Lavatoio, Linha de Fuga
coprodução
Teatro do Bairro Alto
fotografias
Clara Kutner, João Fiadeiro, Lucas Damiani, Safire Hikari
duração
70 minutos
agradecimentos
Lia Rodrigues, Marlene Monteiros de Freitas, Katarina Lanier, Jovan Monteiro, equipe do PACAP 5 e do Forum Dança

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani
depoimentos
“Tive o privilégio de acompanhar o Francisco Thiago Cavalcanti e sua equipa enquanto mentor do seu trabalho "Também se matam cavalos", com apresentação no Teatro do Bairro Alto em Lisboa, no quadro no programa PACAP 5\Forum Dança.
Há muitos anos que não me deparava com um artista que consegue combinar-num mesmo corpo, tempo e espaço-qualidades tão fundamentais (quanto díspares) como sejam a experiência da selvajaria, acompanhada pelo rigor poético; o desejo da multiplicação, acompanhado pelo prazer da repetição; ou a procura do sublime, acompanhada pela consciência da sua impossibilidade.
O Francisco é um artista atravessado por uma sensibilidade à flor da pele. De fora, dá a impressão que não vai dar conta de todas as dimensões e intensidades que o habita, e que irá, a qualquer momento, sucumbir à pressão do excesso. Mas, de alguma maneira, que nem ele saberá como (e isso faz parte da sua força), sempre consegue encontrar uma maneira de sair ileso. E quem beneficia com isso somos nós, testemunhas em primeira mão do nascimento de um gesto absolutamente original, radical e, acima de tudo, intransigente.”
Há muitos anos que não me deparava com um artista que consegue combinar-num mesmo corpo, tempo e espaço-qualidades tão fundamentais (quanto díspares) como sejam a experiência da selvajaria, acompanhada pelo rigor poético; o desejo da multiplicação, acompanhado pelo prazer da repetição; ou a procura do sublime, acompanhada pela consciência da sua impossibilidade.
O Francisco é um artista atravessado por uma sensibilidade à flor da pele. De fora, dá a impressão que não vai dar conta de todas as dimensões e intensidades que o habita, e que irá, a qualquer momento, sucumbir à pressão do excesso. Mas, de alguma maneira, que nem ele saberá como (e isso faz parte da sua força), sempre consegue encontrar uma maneira de sair ileso. E quem beneficia com isso somos nós, testemunhas em primeira mão do nascimento de um gesto absolutamente original, radical e, acima de tudo, intransigente.”
João Fiadeiro
“As ações são orgânicas, estranhas, às vezes parecem animais, uma manada de elefantes. De repente alguém faz um gesto ordinário fechando o corpo em si mesmo, um gesto reconhecível, mas ali no meio de tanta coisa acontecendo, é fascinante! As pessoas se voltam para lugares diferentes, fazem coisas diferentes, eu adoro tudo isso. Eu ficaria assistindo por horas porque há tantos detalhes, pequenas mudanças realmente comoventes e engraçadas…mas engraçadas não no sentido de ser uma piada, mas de ser divertido.”
Lisa Nelson
“O trabalho do Francisco Thiago Cavalcanti “Também se matam cavalos” foi dos melhores trabalhos que vi nos últimos anos, Francisco tem qualidades extraordinárias como criador e como intérprete, bem como Francisca Pinto. Emocionei-me, ri e tive uma enorme vontade de saltar para o palco e voltar a dançar, a energia deste trabalho é contagiante.”
Dora Carvalho
“Depois da primeira apresentação de “Também se matam cavalos”, apontei duas coisas que pareciam ser o sentimento geral de quem assistiu. A primeira era a pergunta: “Por que já não dançamos assim?” e a segunda era a afirmação: “Queria entrar no palco e dançar”. "Também se matam cavalos" é um exercício energético de corpos que convidam para dançar, para se movimentar e emocionar. E quando falo de emocionar, falo da palavra enquanto síntese da ideia tão complexa de ir ou deslocar-se para um lugar, ou aquilo que faz mover, portanto um motor. Um motor dispositivo de dramaturgia de imagens complexas (rápido, veloz, frenético, eufórico) que descentraliza e descontextualiza a dança contemporânea para propor um pensamento dentro do corpo e não fora dele (como muito se tem feito). Perguntamos porque não dançamos mais assim e afirmamos que queremos dançar assim, porque o trabalho do Francisco Thiago Cavalcanti nos devolve a possibilidade de mover com o pensamento dentro do corpo, numa viagem “trem de doido” com partida voluntária sem arrependimentos, mágoas ou infelicidade na chegada.”
Herlandson Duarte
“Um exercício vibrante trabalhado à volta de um imaginário que transborda de forma surpreendente a composição coreográfica, na sua componente repetitiva e insistente, para explorar outros estados, outras presenças, em corpos transcendentes, que nos permite uma experiência jubilatória e ritualística.”
Miguel Pereira

Imagem: Lucas Damiani
english
The look in a horse's eyes is the most beautiful and saddest thing in the world. How can I materialise that in a dance? Not the look of the horse, but the sensation of the look, what it provokes in me...It's a deep love. Horses are killed when they are no longer useful to human beings as if something or someone had to be useful. Art, for example, is useless. That's why I want to make a thousand nothingnesses. This play is about a herd of horses running free in the open field, exhausted but happy; they don't know they're going to die in the war. This play is an exercise of freedom. Sometimes a lie can become the truth over time. Imagination is an invitation. Life is a scare.
Francisco Thiago Cavalcanti
credits
This piece was created as part of the creation programme in performing arts 5 (PACAP 5), held by Forum Dança in 2021/22 under the curatorship of choreographer and director João Fiadeiro in partnership with artists Daniel Pizamiglio, Carolina Campos and Márcia Lança. During the creative process, we collaborated with dance-maker and director Lisa Nelson (USA), choreographer and performer Lander Patrick (BR) and audiovisual director and choreographer Clara Kutner (BR).
creation, performance and direction
Francisco Thiago Cavalcanti
Francisco Thiago Cavalcanti
co-creation and performance
Bárbara Cordeiro, Daniel Pizamiglio, Francisca Pinto and Piero Ramella
Bárbara Cordeiro, Daniel Pizamiglio, Francisca Pinto and Piero Ramella
collaboration in creation
Clara Kutner, Lander Patrick and Lisa Nelson
Clara Kutner, Lander Patrick and Lisa Nelson
artistic assistance
João Fiadeiro, Carolina Campos and Daniel Pizamiglio
João Fiadeiro, Carolina Campos and Daniel Pizamiglio
lighting and technical direction
Santiago Rodriguez Tricot
Santiago Rodriguez Tricot
support
Forum Dança, L'Obrador espai de creació, La caldera, Transborda-Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada, Teatro il Lavatoio, Linha de Fuga
Forum Dança, L'Obrador espai de creació, La caldera, Transborda-Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada, Teatro il Lavatoio, Linha de Fuga
co-production
Teatro do Bairro Alto
Teatro do Bairro Alto
photos
Clara Kutner, João Fiadeiro, Lucas Damiani, Safire Hikari
Clara Kutner, João Fiadeiro, Lucas Damiani, Safire Hikari
duration
70 minutes
70 minutes
acknowledgements
Lia Rodrigues, Marlene Monteiros de Freitas, Katarina Lanier, Jovan Monteiro, PACAP 5 and Forum Dança's team
Lia Rodrigues, Marlene Monteiros de Freitas, Katarina Lanier, Jovan Monteiro, PACAP 5 and Forum Dança's team

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani

Imagem: Lucas Damiani
reviews
“I had the privilege of accompanying Francisco Thiago Cavalcanti and the other members of the collective as mentor for his work "Também se matam cavalos", presented at the Teatro do Bairro Alto in Lisbon, as part of the PACAP 5\Forum Dança programme.
It has been many years since I've come across an artist who manages to combine - in the same body, time and space - such fundamental (yet disparate) qualities as the experience of savagery, accompanied by poetic rigour; the desire for multiplication, accompanied by the pleasure of repetition; or the search for the sublime, accompanied by the awareness of its impossibility.
Francisco is an artist crossed by a sensitivity that's on the surface of his skin. From the outside, it seems that he won't be able to cope with all the dimensions and intensities that inhabit him and will succumb to the pressure of excess at any moment. But somehow, even without knowing how (and this is part of his strength), he always manages to find a way out of it. And we are the ones who benefit from this, as first-hand witnesses to the birth of an absolutely original, radical and, above all, uncompromising gesture.”
It has been many years since I've come across an artist who manages to combine - in the same body, time and space - such fundamental (yet disparate) qualities as the experience of savagery, accompanied by poetic rigour; the desire for multiplication, accompanied by the pleasure of repetition; or the search for the sublime, accompanied by the awareness of its impossibility.
Francisco is an artist crossed by a sensitivity that's on the surface of his skin. From the outside, it seems that he won't be able to cope with all the dimensions and intensities that inhabit him and will succumb to the pressure of excess at any moment. But somehow, even without knowing how (and this is part of his strength), he always manages to find a way out of it. And we are the ones who benefit from this, as first-hand witnesses to the birth of an absolutely original, radical and, above all, uncompromising gesture.”
João Fiadeiro
“The actions are organic, strange. Sometimes they look like animals, a herd of elephants. Suddenly someone makes an ordinary gesture, closing their body in on itself. A recognisable gesture, but in the midst of so much going on, it's fascinating! People turn to different places and do different things. I love it all. I'd watch it for hours because there are so many details, small changes and it's really moving and funny...but funny not in the sense of being a joke, but in the sense of being entertaining.”
Lisa Nelson
“Francisco Thiago Cavalcanti 's work "Também se matam cavalos" was one of the best works I've seen in recent years. Francisco has extraordinary qualities as a creator and performer, as does Francisca Pinto. I was moved, I laughed and I felt like jumping on stage and dancing again, the energy of this work is contagious.”
Dora Carvalho
“After the first performance of “Também se matam cavalos”, I pointed out two things that seemed to be the general feeling of those who watched it. The first was the question: "Why don't we dance like this any more?" and the second was the statement: "I wanted to get on stage and dance". “Também se matam cavalos” is an energetic exercise of bodies that invite you to dance, to move and to be moved. When I talk about being moved (emocionar in portuguese), I'm talking about the word as a synthesis of the very complex idea of going or moving somewhere, or, that which makes things move, therefore an engine (motor). A motor that is a device for the dramaturgy of complex images (fast, rapid, frenetic, euphoric) that decentres and decontextualises contemporary dance to propose thinking inside the body and not outside it (as has been done so much). We ask why don't we dance like this anymore and we say that we want to dance like this, because Francisco Thiago Cavalcanti's work gives us back the possibility of moving with our thoughts inside the body, on a "crazy train" (reference to "Trem de Doido" by Lô Borges) journey with voluntary departure without regrets, sorrow or unhappiness upon arrival.”
Herlandson Duarte
“A vibrant exercise worked around an imaginary that surprisingly overflows the choreographic composition, in its repetitive and insistent component, to explore other states, other presences, in transcendent bodies, allowing us a jubilant and ritualistic experience.”
Miguel Pereira